A cena é cada vez mais comum nas ruas: pessoas usando máscaras. Feitas de pano ou material descartável, elas devem ganhar cada vez mais adeptos, já que o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, recomendou o uso em geral para evitar o contágio do Covid-19. No entanto, se para os profissionais já está em falta, é realmente a de pano que surge como a melhor alternativa.
O médico pneumologista Henrique Brito fala que a de pano ajuda, mas, não tem eficácia comprovada. Ele ressalta que o tecido deve ser de "qualidade e o mais resistente possível", sendo que a máscara pode ser utilizada por pessoas sem sintomas e que não tenham caso confirmado. E o momento para uso é em lugares com possíveis aglomerações ou quando o paciente estiver em contato com idosos.
"Não há estudos sobre a máscara de pano. A gente sabe que é uma barreira contra a transmissão, mas, o quanto ela consegue interromper a gotícula que é emitida por quem tosse e espirra, não conseguimos precisar ainda...a máscara de pano deve ser higienizada com água, sabão e água sanitária. É necessário deixar de molho, 30 minutos já é o suficiente para higienização", afirmou Brito.
O médico toxicologista Sandro Benites também defende o uso da máscara reutilizável para proteção e as descartáveis, como as N95 e cirúrgicas, para profissionais da saúde. "Além de permanecer em quarentena, isolados e lavando as mãos, por que não usar as máscaras? A gente não sabe se você está ou não com o coronavírus. E, como não tem como fazer teste em todo mundo, é para evitar que você esteja transferindo para outra pessoa e esta transferindo para outra pessoa, alguém doente, com pressão alta ou diabético, por exemplo", explicou.
A costureira D. Lina Oliveira, de 65 anos, conta que passou a fazer as máscaras de tecido diante aos pedidos dos clientes e as vende a R$ 5 a unidade. "Estou fazendo porque é só isso que tem para costurar agora. Não tem uma barra de calça, uma cortina, nada para fazer e essa renda é só para comer, porque o aluguel mesmo eu não vou conseguir pagar", lamentou a reportagem do G1.
Conforme a idosa, os pedidos geralmente são de entregadores e pessoas que precisam estar circulando nas ruas, como os vendedores ambulantes. "É feita de tecido reforçado e dupla face. Eu pedi para minha filha e ela anunciou na internet. Ontem eu vendi 6 e hoje já tenho encomenda de 15, mas, os pedidos variam dia após dia. Graças a Deus ainda tem isso pra fazer, estou sobrevivendo", disse.
Outra loja de roupas femininas, que possui um ateliê de costura na região central, conta que a produção está toda voltada para as máscara. "Nós começamos a fazer no início da pandemia e teve até gente falando que não era para usar nem nada. E foi somente depois da recomendação da saúde, para o uso da população em geral, é que as vendas alavancaram. De ontem para hoje, com o anúncio, aumentou 40% as vendas das máscaras", finalizou a gerente Cristiane de Cássia, de 40 anos.