Apesar de afirmarem nunca terem visto fiscalização mesmo nos decretos anteriores, os comerciantes dos bairros Aero Rancho, Iracy Coelho e Parati, dizem que vão fechar as portas, e quem puder vai manter atendimento delivery.
Já contabilizando o prejuízo que o decreto de duas semanas de fechamento válido a partir de domingo (13) pode trazer, os personagens abaixam ainda enfrentam a insegurança, principalmente porque todos os entrevistados têm comércios há menos de um ano.
Na loja de Mayara, fica apenas ela e a filha e esta será a terceira vez em 10 meses que vão suspender o atendimento. (Foto: Henrique Kawaminami)
Dona de uma loja de roupas na Rua Santa Quitéria, no Aero Rancho, a preocupação de Mayara Prado, de 25 anos, é por ela, o marido e a filha. A família é autônoma, a renda em casa entra pela venda de roupas e salgados que o marido faz.
Comerciante há 10 meses, na loja só trabalha ela na companhia da sorridente menininha de 3 anos.
"Eu acho que não deveriam fechar o comércio. Se você parar pra pensar, não é a gente que aglomera. São as pessoas que precisam respeitar as medidas de biossegurança", afirma.
Um exemplo que os comerciantes têm sempre na ponta da língua são as festas clandestinas e até mesmo as reuniõezinhas entre amigos e familiares, onde ninguém usa máscara.
"Fechar o comércio vai prejudicar muito a gente. Nosso dinheiro sai daqui, precisamos da renda, tenho que pagar água, luz, aluguel, comida, leite e fralda. O comércio é o menor dos problemas, na minha opinião, ainda mais os pequenos", diz.
Só de conta fixa para pagar, Mayara tem aluguel tanto de casa quanto da loja, mais água e luz dos dois locais. Somando tudo, ela calcula ter que pagar por mês R$ 1.380,00.
"Aqui eu nunca nem vi ninguém passar fiscalizando se estão respeitando o toque ou decreto. Tem muita gente que não respeita. Eu tive que fechar três vezes já, é muito difícil", comenta.