Relatório da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal indicou que, entre janeiro e outubro de 2024, foram apreendidos 57,78 mil quilos de cocaína em Mato Grosso do Sul, resultando em um prejuízo estimado de R$ 10,4 bilhões ao crime organizado. Contudo, o número diverge drasticamente dos dados de outras instituições:
Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS): 13,37 mil quilos (77% inferior ao número federal).
Anuário da Segurança Pública Brasileira: 7,74 mil quilos (ainda mais distante da estimativa federal).
As discrepâncias são atribuídas à ausência de uma centralização eficiente das informações entre as diferentes forças de segurança, como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), e as polícias estaduais.
Falta de unificação nos dados
1- A Sejusp registra apenas apreensões feitas por grupamentos estaduais e aquelas entregues pela PRF às delegacias da Polícia Civil.
2- A PRF, em cidades com delegacias da Polícia Federal (PF), encaminha as drogas diretamente à PF, cujas apreensões não são contabilizadas pela Sejusp.
3- Não há uma instituição que consolide todas as apreensões estaduais e federais, criando uma lacuna nos números oficiais.
Impacto financeiro do tráfico
Se a estimativa federal de 57,78 mil quilos de cocaína for correta, o prejuízo ao narcotráfico teria sido de R$ 10,4 bilhões. Entretanto, considerando o número mais realista da Sejusp (13,37 mil quilos), o impacto ainda é significativo, R$ 2,4 bilhões.
O preço médio da cocaína é estimado em R$ 180 mil por quilo, segundo a PRF. Na maior apreensão do estado, realizada em fevereiro de 2023, foram interceptados 1,9 mil quilos, gerando um prejuízo estimado de R$ 334 milhões.
O desafio do narcotráfico e políticas públicas ineficazes
Apesar das apreensões recordes nos últimos anos, autoridades e relatórios internacionais, como os da ONU, estimam que apenas 10% da cocaína produzida mundialmente é interceptada. Esse dado sugere que as quadrilhas já consideram perdas nos cálculos de operação, minimizando os impactos financeiros.
A falta de estatísticas confiáveis aponta para a ausência de uma política nacional consistente de combate ao narcotráfico, especialmente no que se refere à cocaína.
Divergência menor em apreensões de maconha
Enquanto as apreensões de cocaína apresentam divergências significativas, os números referentes à maconha mostram maior consistência:
1- Governo Federal: 454 toneladas apreendidas.
2- Sejusp: 451 toneladas.
A proximidade nos dados sugere que o controle sobre essa droga mais barata é mais consolidado, diferentemente da cocaína, cuja logística e alto valor tornam o rastreamento mais complexo.